Em 2014 quando entrei forte no hobby dos boardgames não imaginava que nos anos seguintes o Brasil passaria a lançar quase que simultaneamente com os EUA vários jogos de sucesso. Este ano por exemplo a Galápagos Jogos trouxe para o Brasil o Senhor dos Aneis - Jornadas na Terra Media. Confesso que não fiquei animado no inicio, porque tive uma grande decepção com a própria galápagos quando eles sem nenhum motivo lógico, cancelaram o LCG do senhor dos anéis, que é sem dúvida, um dos top 5 boardgames em minha opinião. Porem o Jornadas na Terra Media foi tão bem avaliado fora do Brasil que não teve como segurar minha carteira. Lá estava eu mais uma vez comprando outra caixa enorme de boardgame.
Na semana seguinte chamei meu grande amigo Andre para testar o game. O fato do jogo contar com uma aplicação que de certa forma te guia no jogo, fazendo o papel de "mestre" me animou, afinal, jogos como o descent por exemplo seriam muito melhores se não precisasse de um player controlando os monstros (quem tem a segunda edição pode facilmente driblar isso com um aplicativo também). Não tive muito tempo para ler o manual. Meio que fizemos isso enquanto montávamos o setup na mesa e veio logo o grande ponto positivo. O jogo tem regras muito simples e muito disso devido a própria aplicação. Ela te guia de certa forma que fica difícil fazer algo de errado ligado a regras. Explico melhor, a ordem de turnos, passos, acontecimentos, objetivos e ataques, tudo isso é ordenado pelo aplicativo que pode ser baixado no Steam, Iphone e Android. Você fica focado apenas em controlar seu deckbuilding (o jogo não conta com dados e sim com auxílio das cartas para resolver situações).
Os componentes são outro show a parte do jogo. São várias miniaturas, tokens, tabuleiros modulares e cartas que engrandecem e deixa bonito o danado na mesa. Por falar em cartas ela tem artes bem similares ao LCG e são pequenas ajudando quem tem pouco espaço para jogar. Após um setup demorado, iniciamos o jogo, como estávamos apenas em dois, decidimos que cada um escolheria dois personagens. Eu escolhi o Gimlin e Legolas e meu amigo escolheu o Aragorn e Elena (personagem criado para o jogo com especialidade de bardo). E foi muito bom isso porque rapidamente entendemos como os personagens são diferentes, eles possuem pontos positivos e negativos e ficou claro como eles podem se completar na aventura.
Um outro ponto interessante foi que conseguimos usar a bagagem do RPG tradicional para se antecipar a algumas armadilhas do jogo. Como ele é um jogo bem descrito, uma historia narrada, temos que ficar atentos a tudo. Por exemplo: Em determinado momento enquanto meu amigo controlava a Elena, chegamos a um objetivo de ter que descer uma ribanceira que segundo o aplicativo era muito escorregadia e perigosa, sabíamos que a Elena não tinha agilidade muito boa e decidimos deixar esse objetivo por cargo de Legolas, que passou por ele sem problemas. Nós não sabiamos que o aplicativo ia exigir agilidade, apenas usamos a dedução que se confirmou quando tentamos resolver o objetivo. Por isso é importante ficar atento na descrição de tudo até porque o jogo é bem difícil e estratégico.
Por falar em dificuldade, nos fracassamos na primeira aventura, exatamente por ainda não conhecer direito as regras e pelo fato do jogo ser bem difícil mesmo. Terminamos tomando decisões precipitadas, separando o grupo e engajando em batalhas em momentos errados que terminou na queda de dois dos quatro heróis na reta final, complicando o sucesso da missão. A batalha do jogo é interessante mas de certa forma mecânica. Senti falta da rolagem de dados, mas no final entendi que seria ainda mais frustante deixar por conta da sorte o sucesso nas batalhas. Com o formato de deck building você consegue controlar melhor o jogo, ou pelo menos espero que isso aconteça nas próximas partidas.
Recomendo demais o game e sinto que a chegada de O Senhor dos Anéis - Jornadas na Terra Media terminou revivendo meu vicio por jogos de tabuleiro. É muito bom dividir uma mesa se divertindo com amigos e tomando um bom vinho.
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